Em carta pública dirigida à FTC (PDF), os senadores Edward J. Markey e Richard Blumenthal manifestam preocupação com tecnologias empregadas em smart TVs que podem rastrear o conteúdo acessado pelos usuários e, a partir daí, exibir anúncios direcionados em vários meios, como redes sociais (o usuário poderia ser identificado nesses serviços pelo endereço IP, por exemplo). No documento, eles explicam que programas de TV, jogos e conteúdos consumidos em aplicativos como Netflix podem ser usados para traçar perfis de interesse dos usuários. Para os senadores, até mesmo preferências políticas podem ser identificadas: basta que os sistemas de análise verifiquem se o usuário passa tempo significativo assistindo a programas com temática conservadora ou liberal.
Para mostrar que a preocupação não é exagerada, os senadores citam na carta a Samba TV, empresa que fornece tecnologias de recomendação de conteúdo e monitoramento de acessos em smart TVs. De acordo com o New York Times, a companhia permite que os usuários escolham entre habilitar ou não a coleta de dados para fins analíticos, mas não deixa claro qual o alcance desse procedimento. Outro exemplo citado pelos senadores é o da Vizio: no início de 2017, a companhia fechou um acordo com a própria FTC em que concordou pagar US$ 2,2 milhões de multa para encerrar a acusação de que estaria coletando dados de usuários via TVs e repassando-os a terceiros sem o devido consentimento. Não é difícil encontrar outros casos suspeitos. Por conta disso, os senadores pedem que a FTC faça uma investigação profunda sobre coleta de dados via smart TVs, incluindo no processo as políticas de privacidade adotadas pelos fabricantes. Dependendo do resultado, as leis de privacidade dos Estados Unidos poderão ser atualizadas de forma a obrigar os fabricantes de TVs a seguir regras mais restritivas sobre coleta e uso de dados de usuários. Pelo menos é o que os dois senadores esperam. A FTC confirmou o recebimento da carta, mas ainda não informou se irá conduzir a investigação. Com informações: Ars Technica.