A novela foi recheada de capítulos. A Broadcom ofereceu US$ 103 bilhões e teve sua primeira proposta recusada. A segunda oferta, de US$ 121 bilhões, que seria a última oferecida pela Broadcom, também não foi aceita. Apesar das recusas, a Qualcomm informou que ainda estava disposta a negociar. Em fevereiro, devido às dificuldades da Qualcomm para comprar a NXP, a Broadcom diminuiu a proposta para US$ 117 bilhões. Depois, a Qualcomm disse que toparia um valor de US$ 135 bilhões.
Mas as negociações começaram a ser enterradas quando, na semana passada, os Estados Unidos iniciaram uma investigação com o temor de que a fusão poderia enfraquecer a Qualcomm, uma gigante americana, ao mesmo tempo em que daria forças para a China, que tem um ambicioso plano de dominar o mercado. A Broadcom, embora tenha sede na Califórnia, possui um quartel-general em Singapura. A Broadcom chegou a prometer que transferiria todo o seu controle para os Estados Unidos, com o objetivo de evitar que o negócio fosse barrado. Mas não adiantou: na segunda-feira (12), o presidente Donald Trump emitiu uma ordem executiva para impedir a aquisição, com a justificativa de que o negócio representaria um grande risco à segurança nacional. A fusão criaria a terceira maior fabricante de chips do mundo, atrás da Samsung e da Intel. Juntas, Broadcom e Qualcomm dominariam grande parte da cadeia de suprimentos de smartphones, já que ambas as companhias detém patentes essenciais de telecomunicações e fornecem tecnologia para as maiores fabricantes do mundo. Por isso, mesmo se o negócio não fosse barrado, é provável que houvesse resistência de órgãos reguladores. Ainda que a Broadcom tenha oficialmente desistido de comprar a Qualcomm, a empresa anunciou que continua com o plano de transferir seu quartel-general de Singapura para os Estados Unidos. Analistas de mercado dizem à Bloomberg que, dessa forma, a Broadcom pode fechar mais facilmente aquisições de outras empresas menores no mercado americano.